Agenda

CHAMADA DE TRABALHOS | CALL FOR PAPERS

XIV Encontro Internacional “A Imagem Medieval: História e Teoria”

MARGINALIA, FRONTEIRAS DA CONEXÃO

7 a 9 de agosto de 2024

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O núcleo USP do LATHIMM (Laboratório de Teoria e História das Mídias Medievais), em parceria com o Projeto Temático "Uma História Conectada da Idade Média: Comunicação e Circulação a partir do Mediterrâneo", organiza o XIV Encontro Internacional "A Imagem Medieval: História e Teoria": MARGINALIA, FRONTEIRAS DA CONEXÃO, entre os dias 7 e 9 de agosto na Universidade de São Paulo.

As propostas de comunicação devem ser enviadas para o e-mail lathimm.usp@gmail.com até o dia 30 de abril. 

Margens não são meros espaços vazios: nelas podem se inscrever as mais variadas marcas de produção e consumo de um manuscrito. É nelas, por exemplo, que a coloração do pergaminho fica mais evidente e onde por vezes podem ser vistos os furos para o raiado. Mais importante ainda, lá podem ter sido incluídas anotações e imagens de vários tipos. As margens serviriam, portanto, como espaço de múltiplas trocas internas e externas ao livro.
Mas as margens não são exclusivas aos manuscritos: elas podem ser espaços físicos em escala geográfica, arquitetônica ou mesmo simbólica. À margem da cidade, por exemplo, habitavam viajantes, famélicos, prostitutas, leprosos e outros marginais que não apenas subvertiam os padrões sociais [1], mas os reinventavam, tornando-se veículos de circulação de práticas culturais entre centro e periferia e entre diferentes regiões periféricas. Elas também constituíam espaços para a produção de discursos contra-hegemônicos e de resistência [2], ao mesmo tempo que produziam, disputavam e restringiam o centro como “campo social” [3]. Enquanto fronteiras da conexão, as margens eram o primeiro território a ser alcançado pela fome, pela peste, pelos forasteiros e pelas trocas comerciais, era o espaço onde os marginalizados intencionais – como os pauperes Christi – construíam conexões com os marginalizados não intencionais – como os pauperes inviti.
[1] HOOKS, Bell. Choosing the margin as a space of radical openness. Framework: The Journal of Cinema and Media, n. 36, p. 15-23, 1989.
[2] BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
[3] SCHMITT, Jean-Claude. A história dos marginais. In: LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990. p. 261-290.

OBJETIVO

O Encontro “Marginalia, Fronteiras da Conexão" busca ser, por meio do estudo das imagens e de seus modos de produção no Medievo, um espaço de discussão sobre as margens e a marginalidade como fronteiras de conexão e de encontro. Serão acolhidos trabalhos que analisem as estratégias de conexão entre centro/periferia e entre diferentes espaços periféricos, bem como a dicotomia centro-margem. A questão fundamental a ser respondida é: Como as margens produziam e davam a ver espaços de conexão no Medievo?

SUBMISSÕES DE PROPOSTAS DE COMUNICAÇÃO

As propostas de comunicação devem ser enviadas para o e-mail lathimm.usp@gmail.com até o dia 30 de abril de 2024. Os resumos expandidos, a serem publicados em um caderno específico, devem conter título, resumo de 5.000-7.000 caracteres (com espaços), 3 palavras-chave, indicação de 4 referências bibliográficas essenciais e eixo pretendido para a comunicação. As comunicações podem ser feitas em português, inglês e espanhol, e a titulação mínima para proposição é a de mestrando.

Todas as comunicações deverão buscar responder, a partir do estudo de caso realizado, à mesma questão: Como as margens produziam espaços de conexão no Medievo? As comunicações serão alocadas em três eixos, como sugerido abaixo:

TERRITÓRIO MARGINAL: a margem como espaço
- Regiões marginais na cartografia. Georreferenciamento de dados em mapas digitais.
- As margens dos manuscritos como espaços de inventividade ou interação com o centro da página ou com outras obras. Estudo de iluminuras, margens ornamentadas, glosas ou garatujas.
- Molduras, encadernação e/ou arquitetura com função de suporte e suas interações com a imagem.
- Imagens de viajantes, meios de transporte, comércio informal e rotas comerciais em espaços de marginalidade.

DESCONFORMIDADE MARGINAL: a margem como estranhamento
- Iconografias marginais/dissidentes. Sobrevivências da Antiguidade no Medievo.
- Imagens de grupos marginalizados: enfermos, portadores de deficiência, minorias de gênero e sexuais, prostitutas, bêbados, andarilhos, pobres e/ou famélicos, instituições de caridade, pobres voluntários, etc.
- Soluções para defeitos materiais na produção de imagens (cortes, furos, cicatrizes, etc.).

SUBVERSÃO MARGINAL: a margem como disputa
- Imagens de grupos em disputa contra-hegemônicas: escravizados, minorias e oposições políticas. Movimentos heréticos, disputas religiosas, criminalidades e sistema de justiça.
- Imagens e revisões/notas em manuscritos concorrendo/alterando o conteúdo do centro da página.
- Grafites, iconoclastias, raspagens, rasuras subvertendo o conteúdo do texto/imagem.

CRONOGRAMA

Envio de propostas até 30 de abril de 2024.
Divulgação dos aprovados e da programação até 10 de maio de 2024.
Publicação do caderno de resumos até o dia 31 de julho de 2024.
Encontro entre os dias 7 e 9 de agosto de 2024.

MODALIDADES DE PARTICIPAÇÃO

O Encontro ocorrerá no formato presencial no Auditório Nicolau Sevcenko – Departamento de História – FFLCH, USP, São Paulo, sendo obrigatória a participação presencial para pesquisadores que se encontram no Brasil. A participação à distância será permitida apenas para pesquisadores que se encontram em outros países. Dúvidas, esclarecimentos e pedidos de participação à distância devem ser enviados ao e-mail lathimm.usp@gmail.com.

ORGANIZAÇÃO

Laboratório de Teoria e História das Mídias Medievais (LATHIMM-USP).
Projeto Temático “Uma história conectada da Idade Média: comunicação e circulação a partir do Mediterrâneo” (FAPESP 21/02912-3).
Apoio:
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

CALL FOR PAPERS
XIV International Seminar “The Medieval Image: History and Theory” MARGINALIA, FRONTIERS OF CONNECTION August 7th, 8th, and 9th, 2024 University of São Paulo


Margins are not mere blank spaces: they can bear various marks of the actions of manuscript producers and consumers. In them, for example, the coloration of the parchment becomes more evident, and sometimes holes for ruled lines can be seen. More importantly, annotations and images of various kinds may have been included there. The margins thus could function as spaces of multiple exchanges both within and outside of the book.

However, margins are not exclusive to manuscripts: they can be physical spaces on a geographical scale or in an architectural sense, as well as symbolic spaces. Travelers, the hungry, prostitutes, lepers, and other marginalized individuals inhabit the margins of the city, not only subverting social norms [1] but also reinventing them, becoming vehicles for the circulation of cultural practices between the center and the periphery and among different peripheral regions. They constituted spaces for the production of counter-hegemonic discourses and resistance [2], while simultaneously producing, disputing, and defining the center as a “social field” [3]. As borders of connection, margins were the first territory to be reached by famine, epidemics, outsiders, and commercial exchanges. It was the space where intentional marginalized individuals – such as the pauperes Christi – could build connections with unintentional marginalized individuals – such as the pauperes inviti.

[1] HOOKS, Bell. Choosing the margin as a space of radical openness. Framework: The Journal of Cinema and Media, n. 36, p. 15-23, 1989.
[2] BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
[3] SCHMITT, Jean-Claude. A história dos marginais. In: LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990. p. 261-290.

OBJECTIVE

The Seminar “Marginalia, Frontiers of Connection” aims to be, through the study of images and their modes of production in the Middle Ages, a space for discussion about margins and marginality as connected frontiers. The event will welcome papers that analyze strategies of connection between center/periphery and among different peripheral spaces, as well as the center-margin dichotomy. The fundamental question to be addressed is: How did the margins both produce and reveal spaces of connection in the Middle Ages?

CALL FOR PAPER SUBMISSIONS

Paper proposals must be submitted to the email lathimm.usp@gmail.com by April 30th, 2024. Written as expanded abstracts, they are to be published in a specific booklet, having to include a title, a summary of 5,000-7,000 characters (with spaces), 3 keywords, an indication of 4 essential bibliographic references, and the intended axis for the presentation.
Presentations can be delivered in Portuguese, English, or Spanish. The minimum academic level required for paper submissions is to be a Master’s graduate student.
Based on a specific or comparative case study, all presentations should aim to answer the same question: How did the margins produce spaces of connection in the Middle Ages? Presentations will be arranged into three axes, as detailed below:

MARGINAL TERRITORY: the margin as space
Marginal regions on maps or georeferencing data in digital maps.
Manuscript margins as spaces of creativity or interaction with center-page contents or other works. Studies on illuminations, ornamented margins, glosses, or doodles.
Frames, binding, and/or architectural features with supportive functions and their interactions with the image.
Images of travelers, modes of transportation, informal trade, and commercial routes in spaces of marginality.

MARGINAL NONCONFORMITY: the margin as strangeness
Marginal/dissident iconographies. Survivals of Antiquity in the Middle Ages.
Images of marginalized groups: sick or disabled individuals, gender and sexual minorities, prostitutes, drunkards, wanderers, the poor, the famished, charitable institutions, or of voluntary poverty.
Tools, practices and evidence regarding fixing material defects in image production (cuts, holes, scars, etc.).

MARGINAL SUBVERSION: the margin as dispute
Images of groups in dispute against hegemonic powers: enslaved individuals, minorities, and political oppositions. Heretical movements, religious disputes, criminalities, and the justice system.
Images and revisions/notes in manuscripts supplementing/altering the content of the center of the page.
Graffiti, iconoclasms, scrapings, erasures subverting the content of the text/image.

SCHEDULE
Proposal submission until April 30th, 2024.
Announcement of approved submissions and program details by May 10th, 2024.
Publication of the abstract booklet by July 31st, 2024.
Event to be held from August 7th to 9th, 2024.

PARTICIPATION MODALITIES
The event will take place in person at the Nicolau Sevcenko Auditorium – Department of History – FFLCH, USP, São Paulo. In-person attendance is mandatory for researchers in Brazil. Remote participation will be allowed only for researchers in other countries. Questions, clarifications, and requests for remote participation should be sent to the email lathimm.usp@gmail.com.

ORGANIZATION
Laboratory of Theory and History of Medieval Media (LATHIMM-USP).
Thematic Project “A Connected History of the Middle Ages: Communication and Circulation from the Mediterranean Sea” (FAPESP 21/02912-3).
Supplementary aide:
Faculty of Philosophy, Letters, and Human Sciences, University of São Paulo

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CHAMADA DE ARTIGOS PARA DOSSIÊ

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Chamada para dossiê "Práticas religiosas e circulação de mediadores no Medievo"

 23-01-2024

Práticas religiosas e circulação de mediadores no Medievo

Profa. Dra. Maria Cristina Correia Leandro Pereira (Universidade de São Paulo)
Dra. Aline Benvegnú dos Santos (Université de Rennes 2)

É impossível dissociar aquilo que denominamos como “religião” na Idade Média de suas práticas e do contexto institucional e social que as produzia e no qual circulavam. Objetos, disputas políticas, relações comerciais, por exemplo, estavam entrelaçados a orações, a imagens devocionais, ou, ao menos, à expectativa de um desfecho positivo no post-mortem. A presença cotidiana desses mediadores – materiais ou imateriais – não deve, porém, implicar em uma leitura do Medievo que o entenda como um “tempo de fé”, homogêneo, desprovido de nuances nas práticas religiosas: ao contrário, estas eram permeadas por gradações em seu exercício e pela inventividade de seus agentes, sejam eles indivíduos, coletividades ou instituições. Distante daquela visão estanque, pois, a historiografia que discute os fenômenos religiosos na Idade Média tem, nas últimas décadas, procurado analisar as dinâmicas estabelecidas entre homens e mulheres medievais e o sobrenatural em uma perspectiva que recupere as relações entre as práticas religiosas e as demais dinâmicas sociais.

Ao estudo das relações entre as práticas religiosas e outros domínios deve-se somar um novo desafio posto pela historiografia recente: o estudo dos fenômenos de circulação/conexão, envolvendo a percepção de povos, doenças, objetos, mercadorias, etc., como elementos que, ao circularem, se metamorfoseiam e influenciam os seus espaços de presença. Compreender a esfera religiosa como meio de circulação comporta a análise da transformação dessas práticas em uma perspectiva georreferenciada, na qual não existe apenas um diálogo vertical com Deus – que, por sua vez, é também um produto e agente de circulação –, mas uma presença geográfica e horizontalizada dos atores das práticas de fé.

O presente dossiê busca, portanto, agregar estudos que relacionem o estudo de práticas religiosas com a circulação de pessoas, objetos, crenças e dos próprios agentes divinos na Idade Média, jogando luz sobre a influência das práticas religiosas nas dinâmicas de conexão/circulação no Medievo. Desde a circulação de modelos hagiográficos à disseminação de devoções, do deslocamento de profissionais das práticas religiosas à descida dos atores sobrenaturais na Terra, esperamos, através dos estudos de caso, oferecer um exercício de mapeamento das dinâmicas de circulação religiosa, tendo como eixo tanto a circulação horizontal entre homens e mulheres quanto a relação dialógica estabelecida nas dinâmicas de ascese entre os devotos e seus entes de devoção.

Serão aceitos artigos cujos temas dialoguem com alguma das seguintes temáticas:

  1. Trânsito de objetos, imagens, relíquias e corpos;
  2. Disseminação geográfica de cultos, hagiografias e devoções particulares;
  3. Circulação de topoi hagiográficos e motivos iconográficos;
  4. Análise dos modos de funcionamento dos contatos com o Além: práticas de ascese, êxtase, sonhos, aparições, comunicação com o sagrado, viagens ao Além, etc.;
  5. Contato entre dinâmicas religiosas diversas e convívio entre diferentes culturas.

A proposta de dossiê se insere no âmbito das atividades realizadas pelo Projeto Temático “Uma história conectada da Idade Média: comunicação e circulação a partir do Mediterrâneo” (Processo FAPESP 21/02912-3) e busca agregar não apenas artigos produzidos pelos pesquisadores vinculados ao projeto, mas expandir a rede para outros colaboradores, tanto brasileiros como estrangeiros.

 

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Reuniões do LATHIMM-USP

2024/1

Sala do LATHIMM – 18h-19h

SCHMITT, Jean-Claude. Les images médiévales. La figure et le corps. Paris: Gallimard, 2023.

schm

Cronograma:

6 de março – “Introduction” (p. 15-24)

20 de março – cap. 1: “Le paradoxe d’un monothéisme iconophile” (p. 25-64)

3 de abril – cap. 2: “Image, imitation, figuration” (p. 65-93)

17 de abril – cap. 3: “Le tabernacle de Moïse” (p. 94-124)

8 de maio – cap. 4: “Les figures analogiques” (p. 125-150)

22 de maio – cap. 5: “Le portrait et la mort” (p. 151-173)

5 de junho – cap 6: “Matérialité et dévotion” (p. 174-196)

19 de junho – cap. 7: “Un geste rituel: le signe de croix” (p. 197-225)

3 de julho – cap 8: “L’exception corporelle de Marie” (p. 226-270)

17 de julho – cap. 9: “Les deux corps de la Vierge” (p. 271-289)