XIV Encontro Internacional “A Imagem Medieval: História e Teoria”
MARGINALIA, FRONTEIRAS DA CONEXÃO
7 a 9 de agosto de 2024
PROGRAMAÇÃO
7 de agosto
13:45 – 14:00 Abertura
Coordenação do LATHIMM: Maria Cristina PEREIRA, Wanessa Asfora NADLER e Gabriel CASTANHO
14:00 – 16:00 Mesa de comunicações 1
Mediação: Gabriel CASTANHO (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Olga TUMINSKAYA (The State Russian Museum), Nadezhda GAEVSKAYA (Christian Academy of St. Petersburg) - THE IMAGE OF THE HOLY FOOL AS A VISUALIZATION OF THE MARGINAL
Ilya DINES (Library of Congress) - A FOX IMITATES A DOG: AN OBSCURE MORALIZATION IN 13TH CENTURY BESTIARIES
Elise HADDAD (École des Hautes Études en Sciences Sociales) - MOISSAC: THE MARGINS OF THE SCULPTED PORTAL AS A SUGGESTION OF COSMIC ORDER
Elena LICHMANOVA (University of Oxford) - [DIS]CONNECTION: MARGINALIA AS CREATIVE ‘ACCIDENTS’
16:15 – 17:45 Mesa de comunicações 2
Mediação: Flavia Galli TATSCH (Universidade Federal de São Paulo)
André PELEGRINELLI (Universidade de São Paulo / Università La Sapienza di Roma) - DA MARGEM AO CENTRO: FRANCISCO DE ASSIS, OS FRANCISCANOS E OS LEPROSOS NO SPECCHIO DELL’ORDINE MINORE DE IACOPO ODDI
Karolina Santos da ROCHA (Universidade de São Paulo) - O MOVIMENTO CONTÍNUO ENTRE TEXTO E PARATEXTO: O CASO DO CODEX PURPUREUS ROSSANENSIS E A CONSTRUÇÃO DE UMA ὑΠΌΘΕΣΙΣ DO TEXTO BÍBLICO
Pedro de Oliveira SILVA (Universidade de São Paulo) - LEMBRAR-SE DOS MORTOS ÀS MARGENS DOS SANTOS: DOIS MARTIROLÓGIOS/OBITUÁRIOS DA ABADIA DE CORBIE (SÉCULO XII)
18:00 – 19:30 Conferência 1
Mediação: Maria Cristina PEREIRA (Universidade de São Paulo)
Marcelo CÂNDIDO (Universidade de São Paulo) - PAUPERES, MARGENS E CIRCULAÇÃO NAS COMUNIDADES PÓS-ROMANAS (SÉCULOS VI-VIII)
8 de agosto
14:00 – 16:00 Mesa de comunicações 3
Mediação: Maria Cristina PEREIRA (Universidade de São Paulo)
Camila Palaio MARTORELLI (Universidade Federal de São Paulo) - O REÚSO DE OBJETOS ISLÂMICOS POR COMUNAS ITALIANAS NOS SÉCULOS XI-XII
Lorenzo STERZA (Universidade Federal da Paraíba) - A BRUXA E O ROUBO DO LEITE: UMA ANÁLISE DE PINTURAS PRESENTES EM IGREJAS SUECAS DO SÉCULO XV
Debora Gomes Pereira AMARAL (Universidade de São Paulo) - A FIGURAÇÃO DO ICONOCLASTA EM IMAGENS CRISTÃS DA BAIXA IDADE MÉDIA
Flavia Galli TATSCH (Universidade Federal de São Paulo) - EXPANDIR AS MARGENS: A REPRESENTAÇÃO DOS TECIDOS EM SEDA NA ESCULTURA DE JAMBA E NA INSÍGNIA DE PEREGRINOS DE CHARTRES (SÉCS. XII E XIII)
16:15 – 17:45 Mesa de comunicações 4
Mediação: Gabriel CASTANHO (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Raquel de Fátima PARMEGIANI (Universidade Federal de Alagoas) - FRONTEIRAS E CONEXÕES ENTRE EXEGESE TEXTUAL E VISUAL NO COMENTÁRIO AO APOCALIPSE DO BEATO DE LIÉBANA – CÓDICE DE LORVÃO: O CASO DOS SERES MALÉVOLOS
Vitor Eduardo Cogheto Vieira da SILVA (Universidade de São Paulo) - À MARGEM DA CONCORDÂNCIA: A ARQUITETURA DAS TÁBUAS DE CÂNONES DO MS. BM DIJON 2
Júlia Beatriz Fernandes LEITE (Universidade Federal de São Paulo) - O MANUSCRITO TACUINUM SANITATIS: A CIRCULAÇÃO DE SABERES MÉDICOS E O TESTEMUNHO DE GRUPOS SOCIAIS MARGINALIZADOS
Muriel Araújo LIMA (Universidade de São Paulo) - A INGLATERRA MARGINAL: GEOGRAFIA E MONSTRUOSIDADE
18:00 – 19:30 Conferência 2
Mediação: Debora Gomes Pereira AMARAL (Universidade de São Paulo)
Mônia SILVESTRIN (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq) - SOBRE AS COISAS QUE TRANSBORDAM – OU COMO AS MARGENS INTERROGAM AS PRÁTICA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
9 de agosto
13:50 – 16:20 Mesa de comunicações 5
Mediação: Wanessa Asfora NADLER (Universidade de Coimbra)
Denise UGLIANO (Scuola Vaticana di Paleografia, Diplomatica e Archivistica) - MANICULAE AND OTHER MARGINALIA FIGURATA IN THE MANUSCRIPT NEAPOLITANUS IV D 48, SENECA’S TRAGEDIES
Calogero Giorgio PRIOLO (Università di Torino) - THE COURTESY OF MALEBRANCHE AND THE MULTIPLE MARGINALITY OF ALFONSO GIOIA, READER OF DANTE IN THE 17TH CENTURY
Diana Lucía GÓMES-CHACÓN (Universidad Complutense de Madrid) - IN THE MARGINS OF QUEENSHIP: FASHION AND TRANSGRESSION IN TIMES OF JOANNE OF PORTUGAL, QUEEN OF CASTILE (†1475)
Laura BĂDESCU (Academia Română) - RECEPÇÃO ATRAVÉS DA IMAGEM. O CASO DOS “ENSINAMENTOS DE NEAGOE BASARAB A SEU FILHO THEODOSIUS”
Anna PEIRATS (Institut Isabel de Villena d’Estudis Medievals i Renaixentistes / Universidad Católica de Valencia) - VIDA EN LOS MÁRGENES: MATRONAS, PROSTITUTAS Y CURANDERAS EN LA EUROPA DEL TARDOMEDIEVO
16:30 – 18:00 Mesa de comunicações 6
Mediação: Raquel de Fátima PARMEGIANI (Universidade Federal de Alagoas)
João Paulo da SILVA (Universidade Federal de São Paulo) - AS PIRUETAS DE ARLECCHINO-SÍMIO: DAS MARGENS DOS MANUSCRITOS DA IDADE MÉDIA AO CENTRO DOS PALCOS DA CORTE FRANCESA
Pamela Wanessa GODOI (Universidade de São Paulo) - AS GARATUJAS DOS HOMILIÁRIOS DE CAMBRAI: PROPOSIÇÕES PARA IMAGENS MARGINALIZADAS
Stefanny Batista dos SANTOS (Universidade de São Paulo) - OS CARACÓIS DO SALTÉRIO DE GORLESTON (BRITISH LIBRARY, ADD MS 49622): MARGENS E MEDIAÇÃO EM UM MANUSCRITO INGLÊS DO SÉCULO XIV
18:15 – 19:45 Conferência 3
Mediação: Muriel Araujo LIMA (Universidade de São Paulo)
Nadia Mariana CONSIGLIERI (Universidad de Buenos Aires – CONICET) - CUANDO LAS BESTIAS SE REVELAN. DRAGONES QUE INCREPAN ESPACIOS Y DISCURSOS VISUALES (SIGLOS XIII-XVI)
O núcleo USP do LATHIMM (Laboratório de Teoria e História das Mídias Medievais), em parceria com o Projeto Temático "Uma História Conectada da Idade Média: Comunicação e Circulação a partir do Mediterrâneo", organiza o XIV Encontro Internacional "A Imagem Medieval: História e Teoria": MARGINALIA, FRONTEIRAS DA CONEXÃO, entre os dias 7 e 9 de agosto na Universidade de São Paulo.
APRESENTAÇÃO
Margens não são meros espaços vazios: nelas podem se inscrever as mais variadas marcas de produção e consumo de um manuscrito. É nelas, por exemplo, que a coloração do pergaminho fica mais evidente e onde por vezes podem ser vistos os furos para o raiado. Mais importante ainda, lá podem ter sido incluídas anotações e imagens de vários tipos. As margens serviriam, portanto, como espaço de múltiplas trocas internas e externas ao livro.
Mas as margens não são exclusivas aos manuscritos: elas podem ser espaços físicos em escala geográfica, arquitetônica ou mesmo simbólica. À margem da cidade, por exemplo, habitavam viajantes, famélicos, prostitutas, leprosos e outros marginais que não apenas subvertiam os padrões sociais [1], mas os reinventavam, tornando-se veículos de circulação de práticas culturais entre centro e periferia e entre diferentes regiões periféricas. Elas também constituíam espaços para a produção de discursos contra-hegemônicos e de resistência [2], ao mesmo tempo que produziam, disputavam e restringiam o centro como “campo social” [3]. Enquanto fronteiras da conexão, as margens eram o primeiro território a ser alcançado pela fome, pela peste, pelos forasteiros e pelas trocas comerciais, era o espaço onde os marginalizados intencionais – como os pauperes Christi – construíam conexões com os marginalizados não intencionais – como os pauperes inviti.
[1] HOOKS, Bell. Choosing the margin as a space of radical openness. Framework: The Journal of Cinema and Media, n. 36, p. 15-23, 1989.
[2] BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
[3] SCHMITT, Jean-Claude. A história dos marginais. In: LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990. p. 261-290.
OBJETIVO
O Encontro “Marginalia, Fronteiras da Conexão" busca ser, por meio do estudo das imagens e de seus modos de produção no Medievo, um espaço de discussão sobre as margens e a marginalidade como fronteiras de conexão e de encontro. Serão acolhidos trabalhos que analisem as estratégias de conexão entre centro/periferia e entre diferentes espaços periféricos, bem como a dicotomia centro-margem. A questão fundamental a ser respondida é: Como as margens produziam e davam a ver espaços de conexão no Medievo?
TRÊS EIXOS DE COMUNICAÇÕES
TERRITÓRIO MARGINAL: a margem como espaço
- Regiões marginais na cartografia. Georreferenciamento de dados em mapas digitais.
- As margens dos manuscritos como espaços de inventividade ou interação com o centro da página ou com outras obras. Estudo de iluminuras, margens ornamentadas, glosas ou garatujas.
- Molduras, encadernação e/ou arquitetura com função de suporte e suas interações com a imagem.
- Imagens de viajantes, meios de transporte, comércio informal e rotas comerciais em espaços de marginalidade.
DESCONFORMIDADE MARGINAL: a margem como estranhamento
- Iconografias marginais/dissidentes. Sobrevivências da Antiguidade no Medievo.
- Imagens de grupos marginalizados: enfermos, portadores de deficiência, minorias de gênero e sexuais, prostitutas, bêbados, andarilhos, pobres e/ou famélicos, instituições de caridade, pobres voluntários, etc.
- Soluções para defeitos materiais na produção de imagens (cortes, furos, cicatrizes, etc.).
SUBVERSÃO MARGINAL: a margem como disputa
- Imagens de grupos em disputa contra-hegemônicas: escravizados, minorias e oposições políticas. Movimentos heréticos, disputas religiosas, criminalidades e sistema de justiça.
- Imagens e revisões/notas em manuscritos concorrendo/alterando o conteúdo do centro da página.
- Grafites, iconoclastias, raspagens, rasuras subvertendo o conteúdo do texto/imagem.
MODALIDADES DE PARTICIPAÇÃO
O Encontro ocorrerá no formato presencial no Auditório Nicolau Sevcenko – Departamento de História – FFLCH, USP, São Paulo, sendo obrigatória a participação presencial para pesquisadores que se encontram no Brasil. A participação à distância será permitida apenas para pesquisadores que se encontram em outros países. Dúvidas, esclarecimentos e pedidos de participação à distância devem ser enviados ao e-mail lathimm.usp@gmail.com.
ORGANIZAÇÃO
Laboratório de Teoria e História das Mídias Medievais (LATHIMM-USP).
Projeto Temático “Uma história conectada da Idade Média: comunicação e circulação a partir do Mediterrâneo” (FAPESP 21/02912-3).
Apoio:
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
XIV International Seminar “The Medieval Image: History and Theory” MARGINALIA, FRONTIERS OF CONNECTION August 7th, 8th, and 9th, 2024 University of São Paulo
Margins are not mere blank spaces: they can bear various marks of the actions of manuscript producers and consumers. In them, for example, the coloration of the parchment becomes more evident, and sometimes holes for ruled lines can be seen. More importantly, annotations and images of various kinds may have been included there. The margins thus could function as spaces of multiple exchanges both within and outside of the book.
However, margins are not exclusive to manuscripts: they can be physical spaces on a geographical scale or in an architectural sense, as well as symbolic spaces. Travelers, the hungry, prostitutes, lepers, and other marginalized individuals inhabit the margins of the city, not only subverting social norms [1] but also reinventing them, becoming vehicles for the circulation of cultural practices between the center and the periphery and among different peripheral regions. They constituted spaces for the production of counter-hegemonic discourses and resistance [2], while simultaneously producing, disputing, and defining the center as a “social field” [3]. As borders of connection, margins were the first territory to be reached by famine, epidemics, outsiders, and commercial exchanges. It was the space where intentional marginalized individuals – such as the pauperes Christi – could build connections with unintentional marginalized individuals – such as the pauperes inviti.
[1] HOOKS, Bell. Choosing the margin as a space of radical openness. Framework: The Journal of Cinema and Media, n. 36, p. 15-23, 1989.
[2] BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
[3] SCHMITT, Jean-Claude. A história dos marginais. In: LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990. p. 261-290.
OBJECTIVE
The Seminar “Marginalia, Frontiers of Connection” aims to be, through the study of images and their modes of production in the Middle Ages, a space for discussion about margins and marginality as connected frontiers. The event will welcome papers that analyze strategies of connection between center/periphery and among different peripheral spaces, as well as the center-margin dichotomy. The fundamental question to be addressed is: How did the margins both produce and reveal spaces of connection in the Middle Ages?
MARGINAL TERRITORY: the margin as space
Marginal regions on maps or georeferencing data in digital maps.
Manuscript margins as spaces of creativity or interaction with center-page contents or other works. Studies on illuminations, ornamented margins, glosses, or doodles.
Frames, binding, and/or architectural features with supportive functions and their interactions with the image.
Images of travelers, modes of transportation, informal trade, and commercial routes in spaces of marginality.
MARGINAL NONCONFORMITY: the margin as strangeness
Marginal/dissident iconographies. Survivals of Antiquity in the Middle Ages.
Images of marginalized groups: sick or disabled individuals, gender and sexual minorities, prostitutes, drunkards, wanderers, the poor, the famished, charitable institutions, or of voluntary poverty.
Tools, practices and evidence regarding fixing material defects in image production (cuts, holes, scars, etc.).
MARGINAL SUBVERSION: the margin as dispute
Images of groups in dispute against hegemonic powers: enslaved individuals, minorities, and political oppositions. Heretical movements, religious disputes, criminalities, and the justice system.
Images and revisions/notes in manuscripts supplementing/altering the content of the center of the page.
Graffiti, iconoclasms, scrapings, erasures subverting the content of the text/image.
PARTICIPATION MODALITIES
The event will take place in person at the Nicolau Sevcenko Auditorium – Department of History – FFLCH, USP, São Paulo. In-person attendance is mandatory for researchers in Brazil. Remote participation will be allowed only for researchers in other countries. Questions, clarifications, and requests for remote participation should be sent to the email lathimm.usp@gmail.com.
ORGANIZATION
Laboratory of Theory and History of Medieval Media (LATHIMM-USP).
Thematic Project “A Connected History of the Middle Ages: Communication and Circulation from the Mediterranean Sea” (FAPESP 21/02912-3).
Supplementary aide:
Faculty of Philosophy, Letters, and Human Sciences, University of São Paulo
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CHAMADA DE ARTIGOS PARA DOSSIÊ
Chamada para dossiê "Práticas religiosas e circulação de mediadores no Medievo"
23-01-2024
Práticas religiosas e circulação de mediadores no Medievo
Profa. Dra. Maria Cristina Correia Leandro Pereira (Universidade de São Paulo)
Dra. Aline Benvegnú dos Santos (Université de Rennes 2)
É impossível dissociar aquilo que denominamos como “religião” na Idade Média de suas práticas e do contexto institucional e social que as produzia e no qual circulavam. Objetos, disputas políticas, relações comerciais, por exemplo, estavam entrelaçados a orações, a imagens devocionais, ou, ao menos, à expectativa de um desfecho positivo no post-mortem. A presença cotidiana desses mediadores – materiais ou imateriais – não deve, porém, implicar em uma leitura do Medievo que o entenda como um “tempo de fé”, homogêneo, desprovido de nuances nas práticas religiosas: ao contrário, estas eram permeadas por gradações em seu exercício e pela inventividade de seus agentes, sejam eles indivíduos, coletividades ou instituições. Distante daquela visão estanque, pois, a historiografia que discute os fenômenos religiosos na Idade Média tem, nas últimas décadas, procurado analisar as dinâmicas estabelecidas entre homens e mulheres medievais e o sobrenatural em uma perspectiva que recupere as relações entre as práticas religiosas e as demais dinâmicas sociais.
Ao estudo das relações entre as práticas religiosas e outros domínios deve-se somar um novo desafio posto pela historiografia recente: o estudo dos fenômenos de circulação/conexão, envolvendo a percepção de povos, doenças, objetos, mercadorias, etc., como elementos que, ao circularem, se metamorfoseiam e influenciam os seus espaços de presença. Compreender a esfera religiosa como meio de circulação comporta a análise da transformação dessas práticas em uma perspectiva georreferenciada, na qual não existe apenas um diálogo vertical com Deus – que, por sua vez, é também um produto e agente de circulação –, mas uma presença geográfica e horizontalizada dos atores das práticas de fé.
O presente dossiê busca, portanto, agregar estudos que relacionem o estudo de práticas religiosas com a circulação de pessoas, objetos, crenças e dos próprios agentes divinos na Idade Média, jogando luz sobre a influência das práticas religiosas nas dinâmicas de conexão/circulação no Medievo. Desde a circulação de modelos hagiográficos à disseminação de devoções, do deslocamento de profissionais das práticas religiosas à descida dos atores sobrenaturais na Terra, esperamos, através dos estudos de caso, oferecer um exercício de mapeamento das dinâmicas de circulação religiosa, tendo como eixo tanto a circulação horizontal entre homens e mulheres quanto a relação dialógica estabelecida nas dinâmicas de ascese entre os devotos e seus entes de devoção.
Serão aceitos artigos cujos temas dialoguem com alguma das seguintes temáticas:
- Trânsito de objetos, imagens, relíquias e corpos;
- Disseminação geográfica de cultos, hagiografias e devoções particulares;
- Circulação de topoi hagiográficos e motivos iconográficos;
- Análise dos modos de funcionamento dos contatos com o Além: práticas de ascese, êxtase, sonhos, aparições, comunicação com o sagrado, viagens ao Além, etc.;
- Contato entre dinâmicas religiosas diversas e convívio entre diferentes culturas.
A proposta de dossiê se insere no âmbito das atividades realizadas pelo Projeto Temático “Uma história conectada da Idade Média: comunicação e circulação a partir do Mediterrâneo” (Processo FAPESP 21/02912-3) e busca agregar não apenas artigos produzidos pelos pesquisadores vinculados ao projeto, mas expandir a rede para outros colaboradores, tanto brasileiros como estrangeiros.
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Reuniões do LATHIMM-USP
2024/1
Sala do LATHIMM – 18h-19h
SCHMITT, Jean-Claude. Les images médiévales. La figure et le corps. Paris: Gallimard, 2023.
Cronograma:
6 de março – “Introduction” (p. 15-24)
20 de março – cap. 1: “Le paradoxe d’un monothéisme iconophile” (p. 25-64)
3 de abril – cap. 2: “Image, imitation, figuration” (p. 65-93)
17 de abril – cap. 3: “Le tabernacle de Moïse” (p. 94-124)
8 de maio – cap. 4: “Les figures analogiques” (p. 125-150)
22 de maio – cap. 5: “Le portrait et la mort” (p. 151-173)
5 de junho – cap 6: “Matérialité et dévotion” (p. 174-196)
19 de junho – cap. 7: “Un geste rituel: le signe de croix” (p. 197-225)
3 de julho – cap 8: “L’exception corporelle de Marie” (p. 226-270)
17 de julho – cap. 9: “Les deux corps de la Vierge” (p. 271-289)